...lá está ele a dormir, sentado na cadeira da cozinha como se estivesse ao abandono. É ali que dorme o nosso animal de estimação, o Chico e é ali também que ele fica.
As dores devem ser insuportáveis, a avaliar pelos gemidos e pelo inchaço substancial. A pele está quente, escura e escamada, as varizes desenham-lhe as pernitas já finas mas que outrora foram robustas e musculadas.
Vê-lo envelhecer com sofrimento deixa-me angustiada... Queria poder pegá-lo no colo e cuidar dele como ele cuidou de mim. Passar-lhe a mão pelo cabelo e sussurrar-lhe ao ouvido que vai tudo correr bem, mas não vai! Esta doença veio para ficar e para lentamente e com muito sofrimento o consumir.
Nós assistimos impotentes a este jogo de viver ou morrer, de consumo exacerbado de luz e vida...
Sinto falta de te ouvir sorrir, cantar e dançar...